domingo, 23 de março de 2014

E aí um belo dia,  sem que eu esperasse mais nada e sem ao menos saber ao certo o que estava fazendo ali. Quase me escondendo e com vergonha de ser tão parte e tão feliz, mas com uma vontade imensa de ser invisível. Uma vontade que ninguém visse o tamanho da minha felicidade e mais que isso, o meu real tamanho.

Eu que nunca fui tímida, ou que pelo menos nunca assumi o título me encontrava alí, em um lugar que me fazia muito bem e em que me sentia parte. Um lugar em que não era preciso falar muito e nem tão pouco querer agradar, era um lugar em que não importava mais ninguém, pois a minha relação com o meu eu interior nunca esteve tão definida. Era muito amor, era parte de um todo que nunca havia imaginado ser, ou havia mas não sabia muito bem definir o que sentiria naquele momento. Era um momento só meu.

Aquele momento não importava mais ninguém,  e muito mais que isso, não queria mesmo que ninguém me visse pois naquele momento, não estava aberta para nenhum tipo de julgamento ou de olhar externo. Era somente o meu momento. Era a música, a magia, era o meu mundo isolado de qualquer mundo.

E no meu mundo eu ouvi um som tão bonito quanto familiar. Um som que se diferenciava do batuque que também me levava a um lugar distinto mas era um som que me acalmava.

Uma música que me fazia sentir parte! Que me fez lembrar de tudo que eu realmente sou e me aproximou muito de mim.

Uma melodia que fazia tudo parar e de repente me levava para dentro de mim novamente. A música mais linda, a melodia mais perfeita. O som que me levava para um lugar distante e ao mesmo tempo muito próximo de uma essência tão familiar e conhecida que só poderia ser a essência de quem eu realmente era naquele momento.


Naquele momento, depois do inconsciente e de uma percepção um pouco mais clara do que acontecia- apesar de nunca ter realmente clareado- a minha vontade foi de fugir. Um medo do que eu estava descobrindo, que se traduzido era somente um medo de quem eu realmente era. Talvez por, durante tanto tempo ter fugido ou achado mais fácil colocar a minha vida, minhas decisões e as minhas culpas em outros ombros. Por ter delegado a minha vida e os meus quereres, ao me encontrar com essa pessoa maravilhosa e tão amedrontadora  eu resolvi simplesmente fugir, como já havia feito outras vezes.,

Mas dessa vez era impossível fugir, mesmo que quisesse e por mais que tentasse, simplesmente chegou o momento do grande encontro com quem eu realmente sou e nenhuma fuga me permite fugir de quem sou.  E aquele som ecoou por muito tempo, e ainda ecoará para sempre dentro de mim.

Enquanto estava  no meu mundo, conhecendo essa pessoa tão desconhecida e, com todo cuidado, pouco carinho e tempo, desvendando quem realmente eu sou. Por um momento, um breve momento o som começou a ficar mais alto, mais nítido e mais direcionado.

Pensei em tudo naquele momento,  mas o pensamento constante era somente a vontade de não ser vista e reconhecida por ninguém, principalmente por quem me reconhecesse pela pessoa que eu já não era. Era o momento e o tempo de me descobrir, de me reconhecer e expressar o quanto as coisas estavam mudando.

E em meio ao som, ao direcionamento e à dúvida, resolvo olhar para frente. Ou simplesmente, por qualquer motivo desconhecido, levo para o mundo material o que estava vendo somente no meu mundo interior. E, neste momento eu me deparo com um olhar..

Um olhar que parecia entender exatamente o que se passava no meu mundo, no meu momento, mesmo que nem eu mesma soubesse o que esperar.  E não conseguia parar de olhar... tão familiar.... tão meu mundo... e tão distante ao mesmo tempo...

Como se já me conhecesse mesmo sem que eu nunca tivesse visto... Aquele olhar mudou absolutamente tudo...  o olhar.... o som..... o coração......

continua.....................................................................................................................