terça-feira, 11 de dezembro de 2007

A vida Ă© sempre tĂ£o surpreendente. Com freqĂ¼Ăªncia usamos esta expressĂ£o para denominar o que estamos passando. O que poderia ter sido e nĂ£o foi e fez com que os caminhos se desencontrassem, fazendo uma verdadeira confusĂ£o de sentimentos. Sentir, sentir, sentir.. nĂ£o seria mais fĂ¡cil se nada sentĂ­ssemos? NĂ£o seria mais sensato, mais verdadeiro que as coisas sĂ³ passassem pela superficialidade do racional? Se for tĂ£o sensato ser racional, quem disse que Ă© legal ser sensato?

Voltando aos fatos ultra-surpreendentes da vida moderna existe uma discrepĂ¢ncia tĂ£o grande nesse negĂ³cio de ver no trabalho uma razĂ£o para encontrar a felicidade. E muitas vezes a felicidade de fazer o que se gosta estĂ¡ tĂ£o longe do que se faz. O dinheiro, a recompensa acaba valendo mais do que o trabalho feito, eu nĂ£o consigo trabalhar assim. NĂ£o consigo sequer ver graça no salĂ¡rio, na recompensa, pois sinto como se estivesse traindo a mim mesma. Fazendo o que nĂ£o me agrada nem um pouco em troca de uma recompensa no final. Mas recompensa pra que se eu nĂ£o fiz nem a metade do que eu poderia ter feito. É um pouco pesado? É. Mas a analogia com uma forma de prostituiĂ§Ă£o, talvez prostitua meu intelecto, Ă© recorrente, jĂ¡ que estou fazendo o que eu nĂ£o quero, sĂ³ pelo prazer que terei em receber no final.

Surpreendente? Se eu fosse mais racional, se pensasse e programasse meus atos, talvez nĂ£o teria que lidar com tantos fatores surpresa. Mas todos nĂ³s temos que aprender a conviver com a surpresa, bom seria se as coisas fossem lineares, aliĂ¡s nem sei se seria tĂ£o bom tambĂ©m.

JĂ¡ imaginou viver uma vida linear? Com começo, meio e fim? Nem os meus textos tĂªm começo meio e fim- nĂ£o nessa ordem-, nem as minhas idĂ©ias tĂªm começo, meio e fim, as minhas conversas nĂ£o tĂªm começo, meio e fim, entĂ£o por que cargas d’Ă¡gua a minha vida tĂªm que ter começo, meio e fim? Eu sei recomeçar. Eu adoro recomeçar, eu nĂ£o tenho medo de recomeçar. A minha vida Ă© um eterno recomeço.

Eu preciso saber que eu posso voltar atrĂ¡s, eu preciso andar pra frente, mas tambĂ©m preciso andar para os lados. Deu pra entender? Quando se anda pra frente o caminho Ă© extenso, a estrada Ă© linear, mas existe a paisagem. E a paisagem, a vista, muitas vezes Ă© mais interessante que o prĂ³prio caminho. Eu nĂ£o posso seguir em frente sem prestar atenĂ§Ă£o na estrada. A cada dia que passa eu percebo que posso parar e admirar a paisagem, que tenho muito a descobrir pelo caminho, mesmo que retarde a minha chegada. Eu posso nĂ£o fazer a viagem no mesmo tempo que vocĂª, mas certamente, o meu caminho Ă© bem mais proveitoso -ou nĂ£o-.

E agora estou pronta pra começar. Recomeçar? NĂ£o! Começar mesmo, e pela primeira vez eu nĂ£o estou com medo, eu nĂ£o acho que nĂ£o vai dar certo. Eu sei que vai dar. Ă€s vezes o caminho Ă© tortuoso, mas esse em especial, eu sei que nĂ£o vai ser, que vai ser lindo, que terĂ£o muitas descobertas e muitas coisas pra fazer. Agora eu sinto que estou pronta, nĂ£o sei o porquĂª, nĂ£o sei como e nem quero saber, sĂ³ sei que agora vai dar certo. NĂ£o que das outras vezes nĂ£o tenha dado certo, mas pela primeira vez Ă© certo. É muito certo!

Surpresas, surpresas e mais surpresas. A vida é assim. Os textos também.